domingo, 18 de janeiro de 2009

MEU QUARTO, MEU REFÚGIO!

Num mundo que clama pela permanente intercomunicação e interatividade, em que as pessoas têm que estar constantemente antenadas, plugadas, conectadas, ligadas...não há espaço para o silêncio e intimidade. O quarto, último refúgio para a auto contemplação e meditação já não passa de um mero depósito de um corpo abarrotado de dramas e estresses que calam o corpo num repouso forçado. Já não se lê mais; já não se ouve música; já não se curte mais a intimidade como antes - o quarto, esse recôndito da intimidade, já não serve mais pra nada além do obrigatório depósito de resíduo de um corpo cansado. Poderia, muito bem, cumprir outras tarefas além da de dormir. Vincent Van Gogh, o grande mestre da arte pontilhista, embora sendo holandês, não se esqueceu de postar para a posteridade um belíssimo quadro do seu quarto de quando vivia em Arles, na França. Não obstante o fim que teve esse grande pintor conseguiu mostrar que um quadro (leia-se também "quarto") vale muito mais do que mil palavras. Escrevi esse singelo poema para dialogar com o meu refúgio.



MEU QUARTO

Me quarto,
Meu refúgio!
Esconderijo de minhas mágoas
Leito sereno das águas
Que escorrem do meu rosto
Como aljôfares em folhas ressecadas

Meu quarto,
Meu ninho!
Repouso de um guerreiro
Que em disputas por outros peitos
Vísceras expostas de um defeito
Que a lâmina do ódio o íntimo feriu

Meu quarto,
Meu silêncio!
O conforto de um diálogo sem palavras
O aconchego de um sonho alienante
O sossego inalienável de direito
À solidão requerida por vontade

Meu quarto,
Meu “EU”!
Onde toda a identidade
Da nudez à intimidade
Revela a individualidade que acalma
Todo o corpo envolto de uma alma

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